Profissionais do audiovisual de MT cobram Secretaria por realização de longas premiados em edital

Profissionais do audiovisual de MT cobram Secretaria por realização de longas premiados em edital



Os profissionais do audiovisual mato-grossense publicaram uma carta aberta endereçada à Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), pedindo a reconsideração da “política de capacitação” do edital 001/2017, e a convocação urgente dos filmes classificados no mesmo.

A carta aberta, que até a publicação desta matéria contava com 259 assinaturas, afirma que, dos R$2 milhões que o Estado deveria ter pago no edital, ainda faltam R$600 mil “que seriam destinados a atividades de formação, cursos e especialização de profissionais da área”, e que “a não aplicação deste recurso por parte do Estado, impede a contratação dos longas-metragens citados”.

O edital de seleção de projetos audiovisuais foi publicado em 2017, em parceria com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Fundo Setorial Audiovisual (FSA), por meio dos ‘Arranjos Regionais’, em que para cada R$1 investido pelo Estado, R$2 seriam investidos pelos órgãos nacionais como contrapartida.

No total, o valor do edital era de R$6 milhões. Ou seja, R$2 milhões pagos pela Secretaria de Cultura de Mato Grosso, e R$4 milhões pela Ancine, para a produção dos longas de ficção Cinco tipos de medo” da empresa produtora Plano B Filmes e “Memória de Elefante” da empresa produtora Molêra Filmes, e também os documentários “Meninas em conflitos com a lei” da empresa produtora Infinity Produtora e “Questão de Fronteira” da empresa produtora Latitude Filmes.

Ainda segundo a carta, o processo de construção de edital, seleção e contratação de empresas para realizar a capacitação está em fase de elaboração e consulta pública, e a previsão é de que demore no mínimo 120 dias para ser concluído. “Tratamos aqui do tempo operacional para realização de tal certame e liquidação do pagamento integral para a empresa selecionada na finalidade de capacitação, que ao nosso entendimento inviabiliza o início da produção dos filmes neste ano”, lamenta.

O Olhar Conceito entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secel, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve retorno.

Leia a íntegra da carta:

Carta aberta da MTCine, dos profissionais de audiovisual e cinema de MT e das entidades de formação acadêmica e profissional, à Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso

Assunto: EDITAL DE SELEÇÃO DE PROJETOS NA ÁREA DO AUDIOVISUAL SEC/MT/001/2017

O edital supramencionado foi realizado pela Secretaria de Cultura do Estado de Mato Grosso no ano de 2017, em parceria com a ANCINE/FSA na modalidade Arranjos Regionais, que prevê que para cada R$ 1,00 (um real) investido pelo ente local, R$ 2,00 (dois reais) serão investidos pela ANCINE/FSA na forma de contrapartida em investimentos.

O valor global do referido edital é de 6 milhões de reais, sendo que deste montante, 2 milhões deverão ser pagos e comprovados pelo ente local para que a ANCINE/FSA realize o investimento de 4 milhões de reais contemplando desta forma os longas de ficção: “Cinco tipos de medo” da empresa produtora Plano B Filmes e “Memória de Elefante” da empresa produtora Molêra Filmes.

Atualmente, o Estado de Mato Grosso apresenta a liquidação de sua parcela em 1,4 milhão ficando ainda pendente com o valor de 600 mil reais, que seriam destinados a atividades de formação, cursos e especialização de profissionais da área. A não aplicação deste recurso por parte do Estado, impede a contratação dos longas-metragens citados. Ressaltamos que o processo de construção de edital, seleção e contratação de empresas para realização da capacitação encontra-se em fase de elaboração e consulta pública pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer o que equivale dizer que a previsão de conclusão do certame é de no mínimo 120 dias. Tratamos aqui do tempo operacional para realização de tal certame e liquidação do pagamento integral para a empresa selecionada na finalidade de capacitação, que ao nosso entendimento inviabiliza o início da produção dos filmes neste ano.

Na prática equivale dizer que o não acontecimento dos longas-metragens ainda no ano de 2019 paralisa o setor que deixará de injetar na economia local o valor de 4 milhões de reais e a geração de no mínimo 250 empregos diretos pelo período de 90 dias em Cuiabá e nas regiões previstas para a produção.

Não estamos diminuindo a importância de um edital de capacitação e formação, sobre maneira. Contudo, o aumento no investimento de produções locais de certa forma trabalha o eixo de formação uma vez que inúmeros jovens, estudantes e entusiastas compõem as equipes nos formatos de assistências e estágios. Essa já é uma prática do mercado local de audiovisual e é dessa forma que ao longo dos anos conseguimos formar novas gerações de realizadores.

Também nos colocamos abertos para construir uma proposta de formação para aos diversos níveis: avançados, iniciantes e técnicos, onde buscaremos consultoria com os cursos superiores de audiovisual e comunicação local.

Desta forma, os profissionais e técnicos do setor audiovisual de Mato Grosso, através deste documento formalizam o pedido de reconsideração desta Secretaria de Estado para desvincular sua política de capacitação do referido edital de produção, e solicitam que convoque urgentemente, dentro dos parâmetros legais e devidamente autorizados pela ANCINE/FSA os projetos para produção de Telefilme Documental da lista de classificados constantes EDITAL DE SELEÇÃO DE PROJETOS NA ÁREA DO AUDIOVISUAL SEC/MT/001/2017: “Meninas em conflitos com a lei” da empresa produtora Infinity Produtora e “Questão de Fronteira” da empresa produtora Latitude Filmes, permitindo assim o desbloqueio e impedimento de contratação dos recursos da ANCINE/FSA por parte das produtoras proponentes.

Tal medida proporcionará a produção de dois longas-metragens e dois telefilmes documentais, totalizando o investimento direto no setor no valor de 4,6 milhões, sendo que destes, 4 milhões são provenientes de recursos federais, o que garante o aporte significativo na área em Mato Grosso, permitindo continuidade de crescimento, aquecimento da cadeia produtiva do audiovisual e, principalmente, proporcionando trabalho e perspectivas aos profissionais realizadores de cinema e audiovisual no Estado de Mato Grosso.

Os profissionais abaixo assinam.

Em apoio institucional:

Moacir Francisco de Sant'ana Barros - Coordenador do Curso de Graduação de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso;
Vinicius André da Silva Appolari - Coordenador do CST em Fotografia e Coordenador de Polo EAD da Unic Pantanal.


A carta foi publicada na Avaaz.

Fonte: Olhar Direto

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