Em Nobres, ‘Chapolim’ mantém restaurante de fogão a lenha onde os próprios clientes pagam e pegam seu troco

Em Nobres, ‘Chapolim’ mantém restaurante de fogão a lenha onde os próprios clientes pagam e pegam seu troco




Há quatro anos, um restaurante peculiar abriu as portas em Bom Jardim, Nobres. A diferença não está só na comida caseira, feita no fogão a lenha, nem no proprietário, que usa uma fantasia de Chapolim Colorado, mas na forma de pagamento nos clientes: ali, é quem almoça que levanta, paga sua conta em uma caixinha e pega seu troco. Tudo na base da confiança.

‘Chapolim Pedroso’, 56, como é conhecido, nasceu em Bom Jardim, mas viveu boa parte da vida em Minas Gerais. Foi quando voltou para casa que, buscando uma fonte de renda, decidiu abrir o ‘Rancho do Chapolim’. “Morei 23 anos em Minas, voltei para a minha terra natal e comecei a perceber que os turistas não tinha um lugar para almoçar quando voltavam tarde dos passeios”, contou ao Olhar Conceito. “Minha família tem um galpão, e eu falei pro meu pai que ia construir algo diferente. Porque o bonito chama atenção, mas o feio também chama”, brinca.

O mato-grossense, então, pegou as panelas que já tinha, comprou alguns pratos e fez o primeiro almoço. Para sua sorte, um amigo de Porto Velho estava conhecendo a cidade, e, durante o passeio, convidou todo mundo para comer em seu restaurante. “Eu tinha só uma mesa, que tinha comprado fiado ainda, não tinha prato suficiente. O povo foi chegando, e eu tinha que ir à casa da minha mãe pegar mais pratos, no bolicho do meu pai pegar bebidas, e assim foi. Todo mundo gostou e foi indicando, e foi crescendo”.

Como trabalhava sozinho, era o próprio Chapolim que cozinhava, servia e pegava o pagamento. Até que um dia um casal de São Paulo, que havia almoçado no Rancho, estava com pressa para ir ao passeio, e precisava pagar. “Eu estava fritando peixe, e não podia parar para pegar o pagamento, porque ia sujar a minha mão com o dinheiro. Então pedi para eles deixarem o dinheiro em uma caixinha de sapato que eu tinha, e pegarem o troco. E gostei desse sistema”.

A caixinha de sapato ficava próxima ao fogão, e tudo funcionou bem, até que, um dia, em que o vento estava muito forte, uma mulher foi pagar e o dinheiro voou para dentro do fogo. O prejuízo foi grande, já que era domingo – dia de bastante movimento. Apesar do susto, logo Chapolim ganhou de um amigo uma caixa de madeira, que é mais segura e fica, agora, longe do fogo.

Desde então, é tudo na base da confiança. Segundo Chapolim, são raras as vezes em que os clientes não pagam o valor certo. “Já teve casal que perguntou o valor e se confundiu, achou que era de R$30 para o casal. Aí foram embora e depois voltaram a tarde para pagar o resto”, lembra.

“E também uma vez uma dona daqui de Nobres almoçou lá... e eu não fico olhando. Se eu já coloco a responsabilidade em cima do turista, é porque eu confio. Não fico olhando nada. E ela almoçou, tomou água, e foi embora, não pagou. Depois ela disse que não dormia. E voltou chorando. Ai ela almoçou de novo e na hora de pagar os dois almoços, falei para ela ir lá e pegar o troco. Aí ela foi e fez, e pediu perdão para mim". Quem não tiver o dinheiro em espécie, não precisa se preocupar - também é possível anotar a conta para depositar ou fazer a transferência depois.

O apelido

Chapolim cozinha com seu avental e chapéu, mas na hora de conversar com os clientes, se apresenta com uma fantasia de seu ídolo. O apelido surgiu há 33 anos, quando ele conseguiu, pela primeira vez, comprar uma antena parabólica para assistir televisão.

“Eu liguei e vi aquele rapaz de vermelho pulando de um lado para o outro. Chamei meu vizinho para ver, e comecei a imitar. Depois ele começou a me chamar de Chapolim. Eu zanguei. Passou um tempo, e minha mulher também começou a chamar. Pensei: vou perder a mulher por causa disso? Apelido a gente tem que aceitar que é melhor”, lembra.

Serviço

O restaurante funciona com sistema self-service, e cada cliente busca sua comida na panela. A especialidade é o peixe assado na folha de bananeira, e ele também serve farofa de banana, carne de porco na lata (conservada na banha), frango caipira e outros acompanhamentos.

O valor é de R$30 por pessoa, e o restaurante funciona às sextas, sábados e domingos no almoço – se estendendo até o final da tarde. Para dias de semana e jantar, é necessário reservar.

Endereço: Nos fundos da pousada Nossa Senhora da Guia; ao lado da pousada Serra Azul - Bom Jardim, Nobres

Telefone para reservas e informações: (65) 99930-2104

Fonte: Olhar Direto

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